A ORIGEM HISTORICA DE JEQUERI
A história do município de Jequeri remonta às primeiras décadas do século
XIX, quando as áreas próximas aos pólos formados no auge da extração aurífera
viam-se ocupados por fazendas e pequenas vilas rurais, que constituíam os
celeiros que alimentavam a crescente população urbana que se concentrara nas
cidades coloniais mineiras.
Alguns fazendeiros desbravadores, portugueses coloniais e d’além mar,
com a queda na exploração do ouro, foram se espalhar no vasto território das
Minas Gerais em busca de terras férteis para a produção agrícola, fixando-se
então nas áreas que melhor conviesse às suas atividades. Nesse movimento,
embalado de encontro a lugares relatados por bandeirantes e inicialmente
habitados por índios, levavam consigo o escravo, africano ou já nascido em
terras coloniais. As novas fazendas iam se formando próximas às vertentes dos rios,
às vezes com alguma pequena vila bem distante, constituindo-se propriamente dos
primeiros núcleos populacionais das localidades – além das tribos indígenas e
dos acampamentos de missionários. Tais núcleos, por sua vez, iam se
desenvolvendo também, incorporando novas demandas e necessidades ao estilo de
vida próprio que se delineava então.
Nesse ponto emerge a proto-história de Jequeri, especialmente localizada na
fértil região da Zona da Mata, para onde migraram famílias provenientes de Ouro
Preto, Mariana, Ponte Nova e outras localidades, que ali chegaram subindo o rio
Piranga, no começo do século XIX: em 22 de novembro de 1849, foi lavrado um
termo de doação de terras a Nossa Senhora Sant’Ana, no qual, sendo
transmitentes “Joaquim Antônio Ribeiro, Manoel
Justino Ferreira, Antônio José Martins da Silva, Manoel Gonçalves Penna, Camilo
de Lelis Gomes Ferreira, Manoel Gonçalves Mol e Maria Germana da Purificação”, doaram
à adquirente “Matriz de Nossa Senhora Sant’Ana de
Jequeri” um imóvel “constante de uma Sorte de
Terras, no lugar denominado “Vargem da Constituição”, composto de Dez
(10 ) alqueires de terras, de planta.”, havidas “por Compra a João Rodrigues
dos Reis.”[1]
Aquele terreno às margens do rio Casca que constitui atualmente o município de
Jequeri. [2]
Segundo a história oral do município, conta-se que no ano
anterior, em 1848, fora ali celebrada a primeira missa, em uma capela
provisória, por um certo Padre Fortunato de Abreu, vigário de Abre Campo. Um
dos fazendeiros, o Sr. Joaquim Antonio Ribeiro, de ascendência portuguesa,
possuía um quadro a óleo com a imagem de Sant’Ana, e a ela foi dedicada essa
missa, sendo então consagrada padroeira da florescente localidade. Posteriormente, a tela foi doada pelo fazendeiro à
Matriz de Sant’Ana do Jequery, que veio a ser edificada no local dez anos após
o termo de doação.
Pela Lei nº 720 de 16 de maio de 1855, a localidade foi
elevada a distrito de paz do município de Mariana e, pela lei nº 875, de 4 de
junho de 1958, foi criada a Freguesia Civil de Jequeri, anexada ao município de
Ponte Nova. Na ocasião, criou-se também a Freguesia Eclesiástica, quando o até
então curato adquiriu a condição de paróquia da diocese de Mariana[3],
tendo erguida sua primeira Igreja Matriz em 1859, devotada à
Sant’Ana, com seu primeiro pároco empossado, Pe. Joaquim Ferreira da Rocha,
de nacionalidade portuguesa.[4]
A origem do nome Jequeri tem suas raízes no primeiro
povoamento da região, antes conhecida como Vargem da Constituição, ou Vargem
Alegre. “Narra a historicidade de Jequeri, e muito difundida pelos antigos
moradores, a existência de um certo senhor conhecido pelo nome de Miguel
‘Jequeri’, sendo este ferreiro e também desmatador da região, que tinha sua
casa (...) à direita do rio Casca, próxima de onde foi construída a primeira
ponte,” cuja propriedade era tomada por uma erva chamada jequeri, ou
jequeri-juá – variação do
indígena yu-keri,[5] uma “... planta rasteira,
trepadeira, de folha espinhosa, que dá uns cachos de um fruto redondo
semelhante a uma bola de ping-pong, de cor verde rajada de linhas circulares;
após madura, fica amarela. Muito utilizada pelos índios [que antigamente
habitavam] da região para salgar os alimentos. Dá uma sopa deliciosa, até hoje
saboreada por alguns moradores”.[6] “As pessoas que por ali
passavam ao vir de longa caminha da chegando da zona rural, (...) paravam para
lavar os pés. Assim nasceu a expressão: Vamos à casa do Jequeri.”[7] Referido ao nome que
caracterizava a singular planta, e que fornecia o epíteto ao dito senhor, a
região, por extensão, tomou a si o nome de Jequeri.
Evolução política,
eclesiástica e urbana
A partir do final da década de 1870, a localidade de Jequeri passou a
receber imigrantes vindos da Itália. Esse movimento se intensificou na passagem
do século XIX para o XX, e as famílias que ali se estabeleceram tornaram-se tradicionais no município – a exemplo dos
Niquini, Burgarelli, Diori, Canuto e Maffia.[8]
Juntamente com as famílias de portugueses, de escravos e de ex-escravos negros
e índios, vieram constituir a heterogênea sociedade jequeriense.
Em 1895, a cidade possuía seu próprio Conselho Executivo Distrital, com os
cargos de Presidente, Tesoureiro e Secretário, cujas iniciais dos nomes dos
ocupantes aparecem indicados na pedra do antigo chafariz que ficava na atual
Praça Tenente Mol, de frente para o local se assentava a antiga Igreja Matriz
de Sant’Anna do Jequery.[9]
No ano de 1899, o termo de doação das terras foi ratificado[10],
e no seu teor aparece novamente o nome do Presidente do Conselho Distrital: o
Sr. Luis de Assis Marcondes, figurando como réu de uma Ação
de Libelo Cível e Reinvindicatório, “onde figura como autor o Pe. Benevenuto
Leonardo dos Santos - Fabriqueiro da Matriz de Jequeri”[11] – esse último, também
importante personagem legado à história do município, ficaria à frente da
paróquia desse ano até 1941.
No ano de 1905, foi
realizada a primeira crisma na Paróquia de Sant’Ana do Jequeri, celebrada pelo
Padre Benevenuto, acompanhado da primeira Banda de Música da cidade, e com a
presença carismática de Dom Silvério, o
primeiro bispo sagrado depois de proclamada a República, em 1890 – com a morte
de Dom Benevides, em 1896, sucedeu-o no bispado de Mariana, e em 1906, o papa
Pio X elevou a diocese de Mariana a arquidiocese e o respectivo bispo, Dom
Silvério, a arcebispo. Estava presente também o Capitão Joaquim Antônio
Ribeiro, filho de um dos primeiros fundadores de Jequeri.
Pela lei nº 843, de 7 de setembro de 1923, no governo do
então Presidente do Estado Raul Soares, o distrito foi emancipado do município
de Ponte Nova e elevado à categoria de Vila, compreendendo os distritos Jequeri
(sede), Piscamba e Grota, com a instalação da primeira Câmara de Vereadores em
8 de janeiro de 1924, e da vila no dia 13 do mesmo mês.[12]
O Sr. Telírio Pinto, Presidente da
Câmara e chefe do legislativo à época, foi quem primeiro assumiu o executivo.
Durante seu mandato, foi inaugurada a primeira Usina
de Luz Elétrica, empreitada pelo Cel. José Ubaldo, no dia 2 de maio de 1926 e,
em 1927, instalava-se em Jequeri o primeiro cinema – no mesmo local hoje
ocupado pelo Hospital Sant’Ana, à rua Silviano Brandão, nº 11. Também durante
seu mandato foram iniciados, pelo governo do Estado, os estudos para a
construção de uma estrada até a “adeantada” Ponte Nova, inaugurada por partes e
completamente transitável em 1928[13], já no mandato do Sr. Mário de Souza
Barros, segundo Presidente da Câmara – cujo governo foi surpreendido pelo
movimento revolucionário de 1930/1931, sendo então nomeado pelo governo do
Estado o primeiro prefeito indicado, Padre Francisco Ermelindo Ribeiro,
descendente de um dos primeiros fundadores, que governou por um ano.
Por ato do então Presidente do Estado Olegário Maciel, em
2 de fevereiro de 1932 – sendo Presidente da Câmara o Coronel Ladário C. Ribeiro – foi nomeado como
prefeito, primeiro com termo de posse, o Sr. Artur Damásio, que ficou à frente
do executivo até o início de 1943. No seu mandato, foi inaugurado o Hospital Sant’Anna[14], cujo primitivo prédio
fora doado pelo Cel. Antônio Januário Brígido em 2/05/1928.[15] O primeiro diretor do
hospital foi o Sr. Olímpio Mol, descendente de um dos fundadores da povoação.
Também em 1932 foi concluída a estrada, adaptada para o trânsito de caminhões.
Cabe
aqui a reprodução do restante do teor da certidão de Registro de Imóveis citada
anteriormente, que contém a transcrição do decreto municipal que constituiu a
área urbana da “Vila de Jequeri”:
“Av-3/ 464 - Em virtude do
Decreto nº 65, do Prefeito Municipal de Jequeri, Dr. Artur Damásio, datado de
23 de dezembro de 1.933, que organiza o Código de Posturas Municipais de
Jequeri, dispõe em seu artigo 1º, o seguinte: Fica constituída dentro dos
limites que se seguem, para fins administrativos e regular aplicação das
posturas e leis municipais em vigor, a área urbana da “Vila de Jequery”: -
Partindo da Ponte Seca, segue margeando a estrada pública [até alcançar, digo,]
acima até o alto do espigão, seguindo este, águas vertentes, até alcançar outro
valo que serve de divisas a Francisco Vindilino de Carvalho, descendo por esse
valo até o ponto em que cruza a estrada de automóveis, daí vai em linha reta em
direção a porteira de Francisco Vindilino de Carvalho, de onde segue pelo valo
aí existente, indo Ter à margem do Rio Casca, descendo rio abaixo, margem
esquerda, contorna a Vila até chegar em frente ao ponto de Partida, ao qual se
liga por uma linha reta. Cujo Decreto foi extraído por cópia pelo
secretário da Prefeitura Municipal de Jequeri, Sr. Raimundo de Sousa Reis, com
visto do Sr. Prefeito Municipal, Geraldo Diórlo, devidamente arquivado neste
cartório. O referido é verdade e dou fé. Jequeri, 27 / 06 / 1.980. Eu, (As.)
José Martins Gomes, escrivão substituto do registro, o datilografei, conferi e
subscrevi.”[16]
Em 1938, foi incorporado ao território jequeriense o distrito de São
Vicente do Grama, desmembrado do município de Viçosa pela lei nº 148, de
17/12/1938, sendo a então Vila de Jequeri elevada à categoria de cidade.
No ano de 1948, tomou posse o primeiro prefeito eleito pelo voto, o Sr. Manoel
Timótheo de Freitas – que administrou a cidade até 1951. A cidade comemorava o Centenário da Primeira Missa
realizada na povoação – 1848/1948 – realizada no mês de agosto.[17]
Esse ano também
ficou marcado na memória dos habitantes da cidade como o ano da demolição da
antiga Matriz de Nossa Senhora Sant’Ana do Jequeri: o pároco da época, Pe.
Rafael Faraci (1941/1955) – em desacordo com a maioria da população, segundo
relatos de moradores de Jequeri – decidiu demolir a antiga Matriz, que
necessitava grandes reformas, fazendo construir no mesmo local uma nova igreja.
Segundo a
história oral do município, a antiga Matriz, erigida há mais de 150 anos,
apresentava seu interior completamente ornado com entalhes de madeira, toda
esculpida “à canivete”, e a tela a óleo com a imagem da padroeira – presença
constante desde a missa primitiva – convivera a partir de 1869 com a imagem de
Sant’Ana-Mestra esculpida em madeira, com rico douramento e detalhada
policromia, vinda de Ouro Preto, e que até hoje ocupa o trono do altar-mor da
nova Matriz.[18]
Em 17/09/1950 foi instalada a primeira Comarca de Jequeri, na administração
do Pref. Manoel Timótheo Freitas, funcionando até o ano de 1971.
O ano de 1953 marcou
a chegada de um posto de telégrafo a Jequeri, bem como a instalação do primeiro
sistema de Água, Esgoto e Rede de Captação Pluvial, e a inauguração do Coreto
da Praça Ten. Mol, na administração do Pref. Geraldo Viçoso, que governou a
cidade de 1951 a 1955. Nesse ano também foi inaugurada a nova Matriz de Nossa
Senhora Sant’Ana do Jequeri, pelo pároco Pe. Rafael Faraci.
A nova igreja, em estilo neogótico – cuja
construção fora iniciada logo após a demolição da antiga Matriz, em 1948 – foi
encomendada ao engenheiro Reinaldo Alves
Costa Filho, sendo ele também o responsável por outras edificações no núcleo
urbano da cidade.[19]
A
construção da nova Matriz de Sant’Ana do Jequeri contou com diversas doações,
provenientes de algumas das famílias tradicionais do município. Foram ofertados
os vitrais da capela-mor e do pára-vento, o altar-mor todo revestido de
mármore, a mesa-de-comunhão também em mármore, além do cofre para as doações
dos fiéis, entre outros. Da matriz antiga, o novo templo herdou parte do
mobiliário religioso, a pia-batismal (substituída por uma mais nova, na década
de 1960, estando a originária atualmente guardada em um depósito na casa
paroquial), algumas imagens e objetos litúrgicos, além da imagem de
Sant’Ana-Mestra, padroeira da cidade, consagrada anualmente em festa no dia 26
de julho.[20]
Também uma outra imagem de Sant’Ana da antiga matriz ocupa atualmente o corredor
do Hospital da cidade.
Em 1954, foi
inaugurado o coreto e a praça da Matriz, recebendo essa o nome de Praça Tenente
Mol, em uma homenagem a um dos fundadores da povoação. [21]
No ano de 1958, Jequeri comemorou o primeiro
Centenário de sua elevação a Freguesia Civil e Eclesiástica – 1858/1958, data
que homenageou com um busto na Praça Tenente Mol o Padre Leonardo Benevenuto
dos Santos, pároco por mais de quatro décadas nesse período.
Em
1969, na administração do Pref. Francisco Araújo Vilas Boas (1967/1971), foi
inaugurada na cidade a nova rede elétrica, sob competência da CEMIG. Nesse ano
realizou-se também o 1º Festival de Inverno de Jequeri. Em 1970, Jequeri passou a ser servida por sistema de
telefonia, com a chegada da TELEMIG – o serviço de DDD só começou a ser
oferecido em 1985.
Em 1972,
com a prefeitura sob administração de Geraldo Diório, a cidade instalou uma
nova Estação de Tratamento de Água (SAAE) e rede de água, e asfaltou-se a
estrada que liga jequeri ao município vizinho de Urucânia. Já em 1975, na nova
administração do Pref. Francisco Vilas Boas, a estrada Jequeri / Piscamba foi
asfaltada.
Em 1985,
foi construída a sede atual da Prefeitura Municipal, na administração do Pref.
Francisco Gomes Brumano, refazendo-se também toda a rede de Esgoto e Pluvial.
Em 1989 a rodovia de acesso a Jequeri foi asfaltada e sua ligação com o
município de Ponte Nova foi em muito facilitada. A crescente e lenta expansão
urbana do distrito sede gerou a criação de um novo bairro, o “João Bosco
Calais”, em 1990.
Em 25/02/1992, foi criado em Jequeri, por lei municipal, o novo distrito de Pouso Alegre da Mata, limitado pelos distritos sede e
de São Vicente do Grama.
No ano 2002, foi criado o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural
de Jequeri.
Em 13/05/2003, na administração
do Pref. Luiz Antônio Resende Soares, foi reinstalada a
Comarca de Jequeri, abrangendo também os municípios de Santa Cruz do Escalvado
e de Urucânia. Grande marco da história
local foi a reinstalação da Comarca pelo prefeito, com o apoio da população, da
câmara Municipal, e do Deputado Estadual Ivair Nogueira e Federal Danilo de
Castro, e do desembargador Goudesteu Biber. Nesse ano, foi também instituída no
município a Secretaria de Assistência Social.
A
ordem cronológica dos prefeitos que administraram a cidade é a seguinte: Pe.
Francisco Hermelindo Ribeiro (1931); Artur Damásio (1932/1942); Dr. Amador
Ubaldo Ribeiro (1943/1946) – interinos: Alfeu Augusto Gomes / Milton (Dr.
Nanuna); Dr. Manoel Timóteo de Freitas (1947/1950); Geraldo Viçoso (1951/1954);
Dr. Manoel Timóteo de Freitas (1955/1958); José Martins Gomes (Zito Martins)
(1959/1962); Geraldo Pereira Dias (Geraldo Diório) (1963/1966); Francisco
Araújo Vilas Boas (1967/1970); Geraldo Diório (1971/1972); Francisco Araújo
Vilas Boas (1973/1976); Geraldo Diório (1977/1982); Francisco Gomes Brumano
(1983/1989); Heitor Marçal Filho (1989/1992); Noacy Araújo Vilas Boas
(1993/1996); Heitor Marçal Filho (1997/2000); Luis Antônio Resende Soares
(1998/2000) e (2001/2004); Maria das Dores de Sousa Vilas Boas (2005/ – ).[22]
Evolução econômica e serviços
Jequeri desenvolveu-se de forma compacta aproveitando o
sítio favorável mais rebaixado do lóbulo do meandro bem fechado à margem
esquerda do Rio Casca. A ocupação mais recente ocorre na parte sul com anexação
ao espaço urbano de terrenos não muito aplainados.[23]
Os terrenos mais propensos a inundação não foram ainda ocupados. A cidade
possui o Departamento Municipal de Água e Esgoto de
Jequeri, que faz a captação da água, realizando o tratamento e a fluoretação. O
esgoto também é coletado, sendo que apenas um ponto do rio Casca ainda serve de
despejo para os resíduos. Um projeto para implantação de uma Usina de
Tratamento de Esgoto está em fase de estudos.
A estrutura fundiária do município revela que
aproximadamente 80% das propriedades tem dimensão inferior a 50 hectares e
ocupa pouco mais de 30% da área total do município, prevalecendo a agricultura
familiar. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município é um dos mais
baixos da região, apesar da população aparentemente usufruir de boa qualidade
de vida – asfalto, telefone, televisão, escolas, médicos, dentistas, transporte
escolar, ônibus, água tratada, esgoto, etc.[24]
Desde seus primórdios, Jequeri sempre apresentou uma
economia baseada na agricultura e pecuária, servindo de celeiro de alimento
para a região com a as produções de milho, feijão,
arroz de várzea, café (na torrefação do Grota), horti e fruticulturas –
como a laranja campista. O milho, mais importante
produto agrícola de Jequeri, em área ocupada e em valor de produção, tem suas
lavouras de modo distribuído por todo o município, tanto nas áreas planas
quanto nas vertentes íngremes, utilizando quase sempre as técnicas tradicionais
de cultivo e manejo. Muitas vezes aparecem associadas às culturas de feijão
que, ocupando área um pouco menor, representam o segundo produto agrícola
municipal. O arroz é o terceiro produto de Jequeri, ocupando parte
significativa das várzeas. O café, que no passado representou o principal
recurso do município, sendo inclusive responsável pelos equipamentos existentes
nas tradicionais fazendas da área, sofreu grandes perdas com a política de
erradiação dos cafezais promovida pelo Instituto Brasileiro do Café, no final da
década de 1960, com a crise da superprodução. Na década de 1980 foram
implantados cafezais novos nas vertentes mais elevadas, desmatadas para esse
fim. A influência da cidade de Ponte Nova, que é um centro açucareiro, pode ser
observada nos canaviais, que embora tenham sofrido uma sensível redução da área
cultivada, no último quartel do século XX, continuam presentes e importantes em
várias propriedades.[25]
Atualmente, essas atividades ainda são predominantes, porém
com destaque para a pecuária bovina. As pastagens, que ocupam em média mais da
metade da superfície das propriedades, correspondem quase sempre às antigas
áreas ocupadas por cafezais, transformadas em pastagens. Sobre essas pastagens
desenvolve-se uma pecuária voltada principalmente para corte, nos moldes
extensivos, com sistema de cria e recria, de gado mestiço, sendo que algumas
das propriedades criam um gado mais voltado para a extração de leite.
A partir das três últimas décadas,
desenvolveu-se amplamente a suinocultura na região e, atualmente, o segundo
maior produtor particular de suínos em Minas Gerais está instalado em Jequeri –
o Sr. Nélio Soares, com 5.000 Matrizes.
As atividades industriais no município são reduzidas, preferencialmente
ligadas à agricultura e pecuária, com destaque para a produção de cachaça
artesanal, açúcar mascavo e rapadura, leite (25.000 litros/dia), queijo e gado de corte. Recentemente, vem se ampliando
as produções de doces caseiros (goiabadas, doces em caldas), frango e ovos, patos e gansos, criações de cavalos,
piscicultura e apicultura, bem como o desenvolvimento de uma mini-fábrica de iogurte, a
produção de lingüiça e defumados. Conta-se também a instalação de uma fábrica de plásticos, em operação
desde 2003, e de uma indústria de processamento de madeiras, em fase de
implantação. Predomina o emprego da
mão-de-obra familiar, e mesmo empregos de caráter permanente, prevalecendo na
maior parte das propriedades a exploração direta e os parceiros e arrendatários
são poucos significativos. A maior fonte de renda do município é proveniente do
funcionalismo público e das aposentadorias – o nível salarial é, em geral,
baixo, acompanhado de uma grande desproporção de renda.[26]
Caracteriza-se pela “... economia totalmente voltada para a agricultura e
pecuária, com baixa produtividade, elevando o êxodo rural e diminuição da
população a cada ano, [o que] leva a uma diminuição dos recursos governamentais
– e pela pouca eficiência no recolhimento de tributos”. Qualquer insucesso na
agricultura reflete imediatamente na cidade com a ausência de recursos para
sustentar o comércio.
De caráter basicamente local, o comércio de Jequeri tem
suas raízes no final do século XIX, quando foi instalada a primeira casa
comercial de grande porte, de propriedade do Sr. Luis Marcondes. Atualmente, a
estrutura comercial da cidade encarrega-se, sobretudo, da venda de produtos de
consumo essencial (alimentos, roupas, remédios e calçados), sem esboçar
tendência para uma especialização. O comerciante local do ramo varejista se
abastece nos atacadistas de Ponte Nova e Belo Horizonte. A cidade
conta com supermercados,
açougues, padarias, farmácias, dois postos de gasolina, vendas, boutiques,
lojas de tecidos, móveis, produtos agropecuários e materiais elétricos e de
construção, restaurantes e bares, banca de jornais, locadora de vídeo,
lanchonetes, etc. O eixo comercial mais
importante corresponde a Avenida Santana, a principal da cidade, que se estende
às praças Tenente Mol, Senador Antônio Martins e Vilas Boas. Nessa parte
central, estão os principais serviços urbanos: a Matriz de Sant’Ana, a
Prefeitura, cartórios de registro, as agências do Correio, da Caixa Econômica
Estadual e do Banco do Brasil - além de uma agência da rede bancária privada –
as principais lojas comerciais e escritórios de prestação de serviços. O
município possui escritório local da EMATER, que presta assistência aos
estabelecimentos rurais, e está ligado ao escritório da IESA de Ponte Nova,
contanto ainda com o apoio de crédito rural da agência do Banco do Brasil
daquela cidade. A área de polarização de Ponte Nova estende-se até Jequeri,
dependente dos equipamentos de serviços daquela cidade.[27]
O município de Jequeri fica a 42Km de Ponte Nova, com
rodovia asfaltada incluindo o distrito de Piscamba, contando
com ônibus diários para aquela cidade, linhas paras os distritos e um horário
dominical para Belo Horizonte, à tarde. Também possui uma linha de vans que
partem para Belo Horizonte, duas vezes por semana, às segundas e sextas-feiras.
Educação e cultura
Em 1905, Jequeri contava com uma banda de
música – formada desde o finalo do século anterior, regida pelo maestro Sr.
Totonho Caeté (Antônio Rodigues dos Reis), que era também dentista prático –
mantida até os dias de hoje. Conta-se que a banda costumava tocar a “Alvorada”,
quando então saía bem cedo, tocando em marcha pelas ruas da cidade e acordando
os moradores. Também, desde 1900 até 1926, residiu na cidade uma pianista
chamada Mariana Corrêa, que lecionava aulas de piano e bordado, cujo piano
vivia aberto, das seis da manhã às nove da noite. [28]
No
passado, a comunidade contara também,
nas artes, com o Grupo Dramático Jequeriense, servindo “(...) de cenário a altas peças teatrais dirigidas
pelo progressista Olímpio Mol”[29], bem
como um grupo teatral coordenado por uma certa “Dª Taninha”, em 1933.[30]
Em 1921, José Pinto Coelho, editorialista, cronista e poeta, então com 23
anos de idade, lança em Jequeri o livro intitulado Noite, um manuscrito
recentemente publicado na cidade de Viçosa, em 1997. Segundo Euter Paniago, que
prefaciou a publicação contemporânea, José Pinto Coelho, que “estava iniciando
sua atividade profissional como funcionário do antigo Banco de Crédito Real e
havia estudado no Caraça e em Petrópolis, sem, contudo, freqüentar curso
superior”, com “linguajar escorreito e pleno domínio da técnica de escrever,
(...) deixou páginas memoráveis publicadas na imprensa local e de numerosos
outros centros”. O livro, “manuscrito pelo autor com letra bem talhada, (...) a
obra é publicada exatamente como foi escrita, graças aos recursos técnicos hoje
existentes. Até mesmo as correções feitas pelo autor, num ou outro poema,
aparecem no livro como mais um registro de autenticidade”.[31]
No campo educacional, a comunidade jequeriense contara,
já no início do século XX, com o ensino básico. Segundo
a Prof.ª Celuta Siqueira Ribeiro, no seu livro Como surgiu a nossa
comunidade, a história da educação em Jequeri começara da seguinte forma: “Foi mais ou menos no
ano de 1902 ou 1903, na Rua Gonçalves Pena, numa casa, demolida há pouco pela
prefeitura [início da década de 1960], os três irmãos Carlos, José e Maria de
Araújo instituíram um [uma casa de ensino em regime de] internato que teve
pouca duração.”
Em 1936, foi
fundado pelo Prof. Francisco Pereira Assunção, numa casa à Rua Major Olímpio
Soares, o Educandário da Mata – que teve, no entanto, duração efêmera,
funcionando somente até 1938.[32] Nesse ano também foi
inaugurada a casa de caridade Abrigo Dr. Mário de Souza Barros, em auxílio aos
desamparados.
Em 1939,
foi inaugurado o Grupo Escolar Tenente Mol, que atuou com a denominação de
Escolas Reunidas de Jequeri até 1942, recebendo esse nome porque no período em
questão ainda não havia número suficiente de alunos. As professoras
particulares, que atuavam na cidade desde a década de 1920, foram então
contratadas para lecionarem na escola.
“PROFESSORAS INDEPENDENTES (PARTICULARES) 1929
– 1939: 1ª. D. TANINHA (Sebatiana de Paiva) - Residia no local onde é hoje o
sobrado de José Geraldo Marçal (padaria - Pça. Tenente Mol). Sua sala
funcionava à rua Dr. Artur Damásio. Esposa de Jesus Eufrosino, dentista,
sobrinho do Pe. Benevenuto. Durante muito tempo morou no sobrado do padre, onde
hoje é Expedito Lopes, na Praça Ten. Mol. 2ª. D. AURORA CANUTO: esposa de
Argemiro Canuto, que lecionava na residência. 3ª. LIQUINHA RIBEIRO (Dona
Dininha): esposa de Lulu Leopoldino, tinha residência onde é hoje o hotel de
Jurandir. 4ª. AMÉLIA MARIA FONSECA: casada com Anacleto Calais Ribeiro (Sô
Queto), tinha sua casa onde hoje está D. Lelê. 5ª MARIA GOMES: dona da casa
Glória, em Ponte Nova, morava o sobrado de Nono Viana. 6ª TITITA (Carmelita
Fuscaldi). 7º. SR. JOSAFÁ: nas roças. 8ª. D. ANÁLIA. 9º. Argemiro Canuto:
Escola Ruris.
UTENSÍLIOS: Palmatória; losa; manuscrito. A matéria
era tomada com todos em pé, e respondia-se às perguntas. Quando errava, a
palmatória comia!!! Se dizia: curso primário, de 1ª a 4ª série; para continuar
os estudos tinha que ir para fora estudar em colégios particulares, em Viçosa,
Ponte Nova (D.Helvécio; N. Sra. das Dores; Propedêutico), Mariana. Curso
superior: no Rio ou no exterior; medicina
e advocacia eram os mais procurados. A disciplina era rígida. 1º Ano:
tabuada; 2º Ano: abecedário; 3º Ano: manuscrito; 4º Ano; 5º Ano; para quem
fosse parar de estudar.”[33]
A Escola
Técnica de Comércio de Jequeri foi fundada em julho 1950, funcionando até 1957,
em uma casa à avenida Sant’Ana. Tratava-se de uma entidade particular que
ministrava aulas do 1º ao 4º anos.
Em janeiro de
1961, organizou-se outra entidade, denominada Sociedade Civil de Jequeri que
fundou a Escola Comercial Leste Mineira, que funcionou a partir de 1962 sob o
nome Ginásio Comercial de Jequeri, devido às reformas da lei de Diretrizes e
Bases da Educação, efetuadas à época. Essa escola foi provisoriamente instalada
no prédio do Grupo Escolar Tenente Mol, com aulas noturnas, até 1969. No ano
seguinte, passou a funcionar em um novo prédio, na Praça Senador Antônio
Martins com o nome de Escola Jequeriense até 1986.
Em 1964, a professora Celuta Siqueira Ribeiro
produziu o livro “Como surgiu a nossa Comunidade”, constituído de
um histórico da sociedade jequeriense, com fotografias de época, reproduções de
reportagens, datas importantes, evolução urbana, poemas e algumas ilustrações
desenhadas pela professora Maria Silvia Gomes. Também organizou um álbum com
fotografias de fazendas antigas, o “Álbum de Fotos Tenente Mol”.[34]
Em 1964, com ajuda da comunidade e do pároco, Pe. Geraldo Martins de Paiva,
foi construída a casa da escola no distrito de São Vicente do Grama e, em 1966
foi criado o Grupo Escolar Padre Benevenuto.[35]
Em 1976,
instalou-se no município o primeiro curso do 2º Grau em uma Escola Estadual. A Escola Estadual Padre Benevenuto, a partir de 1977, passou a
ministrar também as 5ª a 8ª séries do atual ensino fundamental, e a partir de
1986 foi incluído o 2° grau com os cursos de Contabilidade, Magistério e
Científico. Em 1979, foi construído o CAC – Centro de Aprendizagem Comunitária,
hoje Escola Estadual de Piscamba, e em 1985, foi criada a Escola Dr. José
Eduardo Mayrink, ligada à APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais),
na sede do Município. Hoje, conta-se ainda com o
Pré Escolar Cantinho Feliz, voltado à Educação Infantil, e recentemente passou
a existir o NEAD (Núcleo de Educação à Distância), pertencente à Universidade
Federal de Ouro Preto, com o curso Licenciatura Plena para os professores
municipais.
Em
1988, Davi Gonçalves, natural do município, escreve o livro “Anos Dourados de
Jequeri”, no qual retrata grande parte da história da cidade.[36] De acordo com o jornalista Frederico Ozanam
Barcelo de Souza, escrevendo sobre o livro em agosto de 1989, “(...)o autor
realizou meticuloso trabalho de resgate da memória de sua terra. Não sendo um
escritor, historiador ou jornalista, conseguiu registrar com precisão e riqueza
de detalhes todo o passado recente de Jequeri, relatando com muita
espontaneidade o que se poderia chamar de “os anos dourados de uma pequena
cidade do interior mineiro”. Nada escapou ao seu olhar atento e à sua memória privilegiada,
não fosse ele próprio testemunho da maioria dos acontecimentos narrados no
livro; as festas sociais, juninas e religiosas; as serestas; a culinária típica
do lugar; o grupo escolar; o cinema; o clube; o futebol; as bandas de música;
os tipos característicos da cidade; a instalação da comarca; as missões, os
políticos; os antigos coronéis e as famílias tradicionais que, de uma forma ou
de outra, contribuíram para o desenvolvimento de Jequeri. Tudo ilustrado com
inúmeras fotos, tantas delas de grande valor histórico para o município”.
“Como
divulgação do artesanato e produtos da agroindústria de Jequeri, o CMPC/Jequeri
e a EMATER/Jequeri promovem exposições durante a Festa da Cidade (celebrada
anualmente, de 26 a 29 de julho) – com a criação da sigla CAJE – Centro de Difusão da Agroindústria de Artesanato de
Jequeri.”[37]
Nos dias de hoje, o ofício
de um artesão tem se destacado na cidade: o Sr. Artur Pataro de Siqueira,
conhecido por “Sr. Branco”, carpinteiro e marceneiro de profissão, construiu em
sua casa uma maquete representando uma fazenda, com mobiliário e feitorias –
como um engenho de cana-de-açúcar, um moinho d’água para fubá, carros de boi,
um marceneiro articulado que simula serrar uma tora de madeira, entre outras
minúcias. A maquete, denominada “Fazenda da Conquista”, representa em sua
composição a própria história das fazendas da região, enumerando as atividades
nelas realizadas, que por quase duzentos anos mobilizaram a cultura e a
sociedade de Jequeri.
FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE JEQUERI. Inventário de Proteção do Acervo Cultural de Jequeri, abril de 2005.
[1] Cf. “Termo de doação de 22/11/1849. Termo de doação e ratificação de
25/03/1899 e Sentença do MM. Juiz de Direito de Ponte Nova de 09/12/1899”,
citado como Registro Anterior em certidão constante no Livro nº 2 do Registro
Geral/Registro de Imóveis, sob matrícula 464 e datado de 27/06/1980 da Comarca
de Ponte Nova, município de Jequeri – Minas, folha nº 508: “Imóvel: - Constante de uma Sorte de Terras,
no lugar denominado “Vargem da Constituição”, composto de Dez (10 )
alqueires de terras, de planta”, Havidas por Compra a João Rodrigues dos Reis.
SENDO ADQUIRENTE: Matriz de Sant’Ana de Jequeri. SENDO TRANSMITENTES: Joaquim
António Ribeiro, Manoel Justino Ferreira, António José Martins da Silva, Manoel
Gonçalves Penna, Camilo de Lelis Gomes Ferreira, Manoel Gonçalves Mol, Maria
Germana da Purificação. Título de Doação lavrado em data de 22/11/1.849 e
extraído por Certidão pelo Tabelião do 1a Ofício de Ponte Nova e
Arquivado neste Cartório. Dou Fé. Eu, ( As.) José Martins Gomes, Escrivão
substituto do Registro, o datilografei, conferi e subscrevi.”
[2] Um ofício datado de 1838 relata um pedido feito por um fazendeiro,
destinado à diocese de Mariana, por uma “autorização para a construção de um
lugar para enterrar seus mortos”, um cemitério que atendesse aos habitantes de
certa localidade, que tinham de se deslocar a pé por mais de “35 légoas” até o
cemitério mais próximo. Informava então sobre uma área de planície que ficava a
“apenas 5 légoas”, indicando assim o local pretendido, que melhor atenderia às
necessidades daquela população. Não se pode afirmar que o fazendeiro referia-se
a alguma área próxima àquela referida no termo de doação supra. Mas trata-se do
documento mais antigo encontrado no arquivo paroquial, anexado ao 1º Livro do
Tombo da Freguesia de Sant’Anna do Jequery.
[3] Waldemar de Almeida BARBOSA. Dicionário
Histórico-Geográfico de Minas Grerais. Belo Horizonte: Ed. Promoção da
Família, 1971. Pág. 252.
[5]
“Jequeri:
arbusto espinhoso de folhas miúdas. Cor. etm. yu-keri – arbusto
espinhoso propenso a dormir – nome comum das Mimosáceas. Com a lixívia dessa
planta tirava o gentio uma espécie de sal para os seus manjares. Água, água de
sal, água salgada, o molho ou fermento salgado.” Waldemar de Almeida Barbosa
citando outros, in: BARBOSA, op. cit., pág. 252.
[6]
Conforme pesquisa histórica que
vem sendo levantada por Martiniano Niquini Ferreira – membro do Conselho
Patrimonial do município de Jequeri e fundador do Grupo de Ação Comunitária
Permanente Jequeri Pra Frente – GRACOPER/JPF.
[8]
Segundo relatos de descendentes, seus familiares imigraram da Itália devido a
convulsões internas naquele país, que passara um longo período em intenso
processo de unificação, lutando ainda contra o domínio austríaco sobre seu
território. Também o capitalismo avançava no campo, concentrando a propriedade
da terra e levando ao desemprego milhares de famílias de agricultores. Cf. Martiniano Niquini Ferreira. Pesquisa histórica.
[9] Cf.
Martiniano Niquini
Ferreira. Pesquisa histórica. A inscrição é a seguinte (sem aspas): “A. E. D.
[embaixo] L. A. M. [id.] G. [id.] J. S. P. G [id.] S. L. F.” [Agente Executivo Distrital: Luis de Assis Marcondes;
Maçom; J. S. De Paula Guerra; Simplício Lopes Faria].
[10]
Cf. Livro nº 2 do Registro Geral/Registro de Imóveis. Op.
Cit.: “Av-1/ 464 - Em virtude de Título de Doação e Ratificação,
lavrado em 25 / 03 / 1.899, João Camilo de Souza, Joaquim Gonçalves Mol,
Antônio Ermelindo Ribeiro, Carlos Ermelindo Ribeiro, Joaquim Antônio Ribeiro,
João Martins Gomes, Francisca Custódia de São José, Francisca Miquelina de
Assunção Mol, Pio Gonçalves Penna, Francisco Gonçalves Penna, Moisés Gonçalves
Penna, Diogo Gonçalves Penna, Antônio Gonçalves Penna, Rosalina Maria da
Conceição, José Antônio de Souza, Manoel Inácio Mol, Carolina Cláudia da Silva,
Luiza Maria Martins, José Barbosa Coura, Sebastião Martins da Silva, João
Afonso de Souza, Maria José da Encarnação, viúvas, filhos, e netos dos
falecidos Alferes Antônio José Martins da Silva, Joaquim Antônio Ribeiro,
Tenente Manoel Gonçalves Mol, Manoel Gonçalves Penna, ratificaram e
confirmaram o Título de Doação de Dez (10) alqueires de terras, feito à Senhora
Sant' Ana, no lugar denominado “Vargem da Constituição”, cujo terreno
encontra-se acima matriculado, onde se acha edificada a povoação do Arraial
de Jequeri. Doação esta, feita no valor de 200$000 (Duzentos mil Reis).
Título de Doação extraído por Certidão pelo Tabelião do 1º Ofício de Ponte Nova
e Arquivado neste Cartório. O referido é verdade e dou fé. Jequeri, 27 / 06 /
1.980. Eu, ( As.) José Martins Gomes, escrivão substituto do registro, o
datilografei, conferi e subscrevi.”
[11]
Cf. Livro nº 2 do Registro Geral/Registro de Imóveis. Op.
Cit.: “Av-2/ 464 - Sentença que decidiu a Ação de Libelo Cível e
Reinvindicatório, onde figura como autor o Pe. Benevenuto Leonardo dos Santos -
Fabriqueiro da Matriz de Jequeri e Réu o Sr. Luiz de Assis Marcondes -
Presidente do Conselho Distrital de Jequeri, cujo decisório é do teor seguinte:
Julgo, por estes fundamentos, procedente a Ação e Condeno o Réu a abrir mão do
terreno que constitui o Patrimônio de Sant' Ana da Constituição, hoje, Jequeri,
por Doação feita à referida Santa, restituindo a Autora como competente para
administrá-la por seu Fabriqueiro legalmente nomeado, a pagar as perdas, danos
que se liquidarem e custas deste processo. Sentença esta, proferida pelo MM. Juiz
de Direito de Ponte Nova, Dr. Angelo Vieira Martins, em 09 de dezembro de
1.899, extraída por Certidão pelo Tabelião do 1º Ofício de Ponte Nova,
arquivada neste Cartório. O referido é verdade e dou fé. Jequeri 27 / 0671.980.
Eu, (As.) José Martins Gomes, escrivão substituto do registro, o datilografei e
subscrevi.”
[13]
Tanto
a chegada da luz elétrica quanto a construção da rodovia foram noticiados no
jornal “Vila Jequeri”, nos anos de 1925 e 1926, que circulava à época (cf.
RIBEIRO, op. Cit.). No município circulou também o jornal “Norma”, em meados do
século XX. Atualmente, existe o Informativo Paroquial e o Informativo do
CMPC/Jequeri.
[14] Trinta anos mais tarde, no dia 17/07/1962, foi inaugurado
o Posto de Saúde Dr. Roberto Resende. Atualmente o
hospital é aparelhado para casos mais genéricos, e somado ao posto médico e a
três consultórios dentários, constituem o atendimento de saúde de Jequeri.
[15]
Cf. RIBEIRO, op. Cit.
[16] Cf. “Termo de doação de 22/11/1849. Termo de doação e
ratificação de 25/03/1899 e Sentença do MM. Juiz de Direito de Ponte Nova de
09/12/1899”, citado como Registro Anterior em certidão constante no Livro nº 2 do Registro Geral/Registro de Imóveis, sob matrícula
464 e datado de 27/06/1980 da Comarca de Ponte Nova, município de Jequeri – Minas, folha nº 508.
[17] Cf. 1º Livro do Tombo da
Freguesia de Sant’Anna do Jequery. Cópia da ata lavrada pelo Rvmo. Pe. Rafael
Faraci - Agosto de 1948: “O dia 23 de agosto de mil novecentos e quarenta e
oito foi um dia de júbilo para toda família Jequeriense. A paróquia de Jequeri
celebrou nesse dia o centenário da 1ª missa celebrada aqui. Quem a celebrou foi
o vigário de Abre Campo, o Rvmo. Pe Fortunato de Abreu. A festa ocorreu do dia
20 ao dia 23 de agosto onde foi celebrada missa pelos jequerienses falecidos,
pelos fundadores de Jequeri, pelos vigários de Jequeri. No grande dia, o dia 23
foi festejado com alvorada da banda de música, missa festiva, Romaria ao
cemitério, sessão no cinema jequeriense, procissão de Sant´Ana percorrendo toda
a cidade. Sant´Ana, grande santa que há cem anos passados recebia a
manifestação de uma pequena família, recebia agora uma manifestação carinhosa
de uma grande família jequeriense que se reunia no mesmo local onde se celebra
a primeira missa. Finda a procissão, foi dada a benção do S.S. Sacramento que
foi o ponto final de todas as solenidades comemorativas do centenário da
primeira missa de Jequeri. (As.) Pe. Rafael Faraci.”
[18] A
tela com a imagem da padroeira já não se encontra mais no acervo da paróquia, e
seu paradeiro atual é desconhecido.
[20]
Cabe
uma nota sobre o roubo dessa imagem – além de um crucifixo e de alguns
castiçais da Igreja Matriz – no dia 22 de junho de 1981. Desaparecida por nove
dias, foi recuperada logo depois, ficando sob guarda de uma delegacia em Ponte
Nova até 30 de junho de 1981, quando foi finalmente devolvida à paróquia de
Jequeri. Seu resplendor de ouro jamais foi recuperado.
[21]
O
coreto foi o primeiro bem tombado por decreto municipal na cidade, em 2003 [nº
decreto ?], e no ano seguinte comemorou-se meio século de sua inauguração
(1954/2004).
[22]
Segundo dados das APOSTILAS elaboradas pelo CMPC/Jequeri
[23]
APOSTILAS elaboradas pelo CPMC/Jequeri.
[28]
Há
notícia também de um artesão local, em meados do século XX, que exercia seu
ofício de luthier de violas.
[31]
COELHO, José Pinto. “Noite”.
(1921). Ed. Folha de Viçosa: Viçosa, 1997. Prefácio de Euter
Paniago.
[33]
Cf. Martiniano Niquini Ferreira. Pesquisa histórica.
[34]
Esse álbum foi exposto na sala de
entrada da Escola Estadual Tenente Mol durante uma “Semana da Cultura”
organizada na escola, em 2004, com diversas atividades e apresentações teatrais
à noite.
[35] GRUPO ESCOLAR
PE. BENEVENUTO (1966-76): (1ª a 4ª série) – Estadual - Instalação:
funcionava no Grupo de Lata, à rua Gov. Valadares até 1976. Em 1977, foi para a
Pça. Sen. Antônio Martins. 1ª Diretora: Celuta Siqueira (1966-68). Esse
estabelecimento de ensino foi criado em 1963, por Ato do governador Dr. José de
Magalhães Pinto em Ato publicado pelo decreto nº 9.492 de 25 de janeiro de
1966, no Minas Gerais de 26 de janeiro de 1966, folhas 4, col. 1. A instalação
se deu no dia 21 de abril do corrente ano, conforme Ata lavrada e enviada a
essa secretaria. O referido estabelecimento foi organizado com 08 classes
excedentes do Grupo Escolar Ten. Mol, num total de 300 alunos. As classes são
regidas pelas seguintes professoras: Francisca dos Santos Pereira, do padrão
M-D, Masp 88490, nomeada por ato do sr. Gov. do Estado no dia 26 de junho de
1954; Sônia Maria Ribeiro, do padrão M-A, Masp 88540, nomeada por ato do
Governador em 27/12/1963; Maria Silvia Gomes Machado, do padrão M-A, Masp
88527, nomeada por ato Gov. Estado no dia 27/12/1964; Maria Auxiliadora Viana
Gomes, do padrão M-A, Masp 113935, nomeada por ato do Gov. Estado no dia
16/12/1964. Professoras de concurso, contratadas: Deolinda Maria Ribeiro, Nair
Teixeira Ribeiro, Maria Elisa Gomes Mayrink. Professora normalistaas, sem
contrato: Marilene Ribeiro de Freitas. Auxiliar de Diretora: Maria Augusta
Mayrink, profª. do padrão M-G, Masp 102809, transferida por ato do Gov. Estado
no dia 06 de junho de 1954. 1ª Diretora: Celuta Siqueira, Profª. do padrão M-I,
Masp 88480, nomeada por ato do Gov. Estado em 27 de junho de 1954. Referência
histórica: esse Grupo Escolar recebeu o nome de “ Pe. Benevenuto”, em homenagem
ao ilustre vigário que nesta Paróquia trabalhou por mais de meio século,
passando aqui toda a sua mocidade, sendo um homem culto e enérgico, que prestou
grandes serviços no ensino nesta cidade, tendo exercido por muito tempo o cargo
de “ Inspetor Escolar”. Cf. Martiniano Niquini Ferreira. Pesquisa histórica.
[37]
Cf. Martiniano Niquini Ferreira. Pesquisa histórica.
Parabéns pelo seu trabalho ... Fiquei horas lendo pois estou fazendo um trabalho sobre a minha família ascendente.
ResponderExcluirMeu vô Manoel Ribeiro Filho nasceu em Jequeri em 1927 e estudando as histórias para montar esse quebra cabeça.
Muito bom seu trabalho parabéns !
Boa tarde, binha bisavó nasceu em Jequeri, filha de João de Calais e Francisca Ribeiro. Gostaria de saber quem foi o João Bosco Calais, pessoa que deu nome ao bairro na cidade.
ResponderExcluirMuito obrigada ! eu estou construindo uma árvore genealógica da minha família e conhecia quase nada da origem dessa cidade, somente tinha a informação que a minha bisavó era imigrante italiana, NICOLINA NORTELINA VIANA, não consigo descobrir mais coisas sobre a origem da família dela.
ResponderExcluirEi poderia me mandar um email katia.moura.lopes@hotmail.com ou whatsapp 27998469765, estou fazendo minha árvore genealógica também e tenho uma ascendente com o sobrenome Viana dessa mesma cidade, talvez sejam parentes.
ExcluirOlá muito obrigado por essas informações ; estou em busca de meus bisavós que são italianos e residiram nesta região ; sabe se que o nome é Cassiano - dono de fazendas na região do Serra Velha ou Grota conforme diziam ;
ExcluirMuito obrigada ! eu estou construindo uma árvore genealógica da minha família e conhecia quase nada da origem dessa cidade, somente tinha a informação que a minha bisavó era imigrante italiana, NICOLINA NORTELINA VIANA, não consigo descobrir mais coisas sobre a origem da família dela.
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